segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Barriga negativa não é para todo mundo

Barriga "para dentro" de Candice Swanepoel vira desejo entre mulheres; médicos avisam que nem todo biotipo favorece o estilo.

Não basta mais ser magra e ter gominhos no abdome. A nova moda entre as mulheres é a barriga negativa, aquela com uma curvatura para dentro, que deixa os ossos do quadril e das costelas saltados, destacando a magreza. No fim do ano passado, a modelo sul-africana Candice Swanepoel publicou uma foto na internet mostrando a sua. A repercussão foi grande, e, dias depois, Adriane Galisteu também exibiu a dela, assim como a ex-BBB Talula.

Logo, muitas mulheres começaram a sonhar em ter o corpo da top e a fazer loucuras para isso. Fadlo Fraige, endocrinologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, avisa que não é todo o mundo que pode ter a barriga para dentro de Candice e define o tipo de corpo que a favorece: “É o da pessoa que sempre foi magra e possui família com esse mesmo biotipo”. O personal trainer e fisiologista Givanildo Matias explica que quem tem o abdome assim são as mulheres longilíneas, com perfil de modelo. “Não são todas que conseguirão chegar ao resultado que querem. Uma mulher mais curvilínea pode até tentar, mas é bem pouco provável que dê certo. Para aquela concavidade negativa, tem de haver uma grande diminuição de gordura e até perda de massa muscular. Então, para a maioria, mesmo fazendo todo esforço do mundo, não será possível”, explica.

Matias alerta para o fato de que a barriga negativa apresenta perigos para a saúde, pois o músculo abdominal de quem tem pouca massa muscular fica mais vulnerável. “A pessoa pode ter desvios posturais e dores na coluna. Não é algo muito bom para gestação também, pois o abdome fica enfraquecido. Além disso, para ter essa curvatura, a mulher, provavelmente, terá um índice de gordura abaixo de 16%, próximo à desnutrição, e aí já corre o risco de entrar no quadro de menorreia”, cita.

Os especialistas fazem questão de ressaltar que, para quem é magra naturalmente, é possível ser saudável e ter a barriga negativa. “É preciso analisar cada caso, mas há quem tenha essa concavidade. Depende das características das pessoas. Tem gente que tem o osso saltado mesmo”, avalia Matias.

Fraige chama a atenção para a excessiva busca pela magreza, que pode ser prejudicial à saúde. “Isso pode vir a romper o equilíbrio metabólico. O paciente perde massa proteica muscular, diminui a resistência imunológica e tem a chance de ter outras complicações”, fala, referindo-se aos excessos que uma pessoa chega a cometer para alcançar objetivos como a barriga negativa. “Quem não tem o biotipo adequado não deve buscar a barriga negativa. O ideal é que a mulher esteja com a saúde em dia, realize constantes exercícios físicos e se alimente corretamente. Assim, terá saúde e certamente estará em forma”, completa o endocrinologista.

Cristiane Moraes Pertusi, doutora em psicologia do desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo (USP), também fala dos problemas que essa perseguição exagerada pelo corpo tido como ideal podem acarretar. “Se isso se tornar uma obsessão e o único foco da vida, pode trazer danos psicológicos e físicos. A busca exagerada pelo corpo perfeito e a falta de flexibilidade para lidar com as naturais limitações e imperfeições podem levar a distúrbios psicológicos como anorexia, bulimia, depressão entre outras patologias.” Ela defende que o mais importante é se cuidar de maneira saudável, orientada por médicos e até se necessário por psicólogos. “Ter uma boa imagem de si próprio, cuidar-se r aceitar seus limites e os do próprio corpo é fundamental para uma vida saudável.”

Para ter uma barriguinha em dia, Matias dá as seguintes dicas: “É precisa reduzir a gordura corporal, dar ênfase aos exercícios aeróbicos, como correr, caminhar, andar de bicicleta ou patins, e fazer uma alimentação muito bem regrada”. Para não correr grandes riscos, os especialistas avisam: antes de começar qualquer coisa, é melhor consultar um nutricionista e um profissional de educação física, para não passar dos limites.


Fonte: iG

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