segunda-feira, 18 de junho de 2012

Exercícios na Gestação

Praticamente todas as mulheres grávidas experimentam algum desconforto musculoesquelético durante a gravidez. Estima-se que cerca de 25% delas apresentem ao menos sintomas temporários. As mulheres grávidas apresentam um risco aumentado de queixas musculoesqueléticas, principalmente lombalgia. A mudança do centro de gravidade, a rotação anterior da pelve,o aumento da lordose lombar e o aumento da elasticidade dos ligamentos são os principais responsáveis pelos sintomas. Já foi demonstrado que um programa de exercícios executado três vezes por semana durante a segunda metade da gravidez parece colaborar na redução da intensidade das dores lombares,aumentando também a flexibilidade da coluna.

 Benefícios do exercício na gravidez
As mulheres sedentárias apresentam um considerável declínio do condicionamento físico durante a gravidez. Além disto, a falta de atividade física regular é um dos fatores associados a uma susceptibilidade maior a doenças durante e após a gestação. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Apesar de ainda existirem poucos estudos nesta área, exercícios resistidos de intensidade leve a moderada podem promover melhora na resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações na gestação ou relativas ao peso do feto ao nascer. Conseqüentemente, a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alterações posturais decorrentes desse período. A atividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento,além de reduzir riscos de diabetes gestacional, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina. Os estudos também mostram que a manutenção da prática regular de exercícios físicos ou esporte apresenta fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez. Além disso, existem dados sugestivos de que a prática de exercício físico durante a gravidez exerce proteção contra a depressão pós parto. Na literatura há alguns estudos envolvendo exercícios para a musculatura pélvica durante a gravidez. Eles são unânimes em afirmar os benefícios deste tipo específico de exercício como forma de prevenção à incontinência urinária associada à gravidez. 


Riscos para o feto 
A prática de exercícios acarreta riscos potenciais para o feto em situações em que a intensidade do exercício seja muito alta, criando um estado de hipóxia (falta de oxigênio) para o feto, em situações em que haja risco de trauma abdominal e em situações de hipertermia da gestante. Esses fatores podem gerar estresse fetal, restrição de crescimento intra-uterino e prematuridade. Há algumas evidências de que a participação em exercícios de intensidade moderada ao longo da gravidez possa aumentar o peso do bebê ao nascer, enquanto que exercícios mais intensos e com grande freqüência, mantidos por longos períodos da gravidez, possam resultar em crianças com baixo peso. Durante o período de amamentação, desde que a ingesta calórica e hídrica da mãe se mantenha normal, os exercícios leves a moderados não afetam a quantidade ou a composição do leite, e por isso não exercem qualquer impacto sobre o crescimento do lactente. 

O exercício regular é contra-indicado em mulheres com as seguintes complicações: 
-Doença miocárdica descompensada 
-Insuficiência cardíaca congestiva 
-Tromboflebite 
-Embolia pulmonar recente 
-Doença infecciosa aguda 
-Risco de parto prematuro 
-Sangramento uterino 
-Isoimunização grave 
-Doença hipertensiva descompensada 
-Suspeita de estresse fetal 
-Paciente sem acompanhamento pré-natal Contra-indicações relativas 
-Hipertensão essencial 
-Anemia 
-Doenças tireoidianas 
-Diabetes mellitus descompensado 
-Obesidade mórbida 
-Histórico de sedentarismo extremo 
-Prescrição dos exercícios 


Todas as mulheres que não apresentam contra-indicações devem ser incentivadas a realizar atividades aeróbias, de resistência muscular e alongamento. As mulheres devem escolher atividades que apresentem pouco risco de perda de equilíbrio e de traumas. O trauma direto ao feto é raro, mas é prudente evitar esportes de contato ou com alto risco de colisão. Deve-se tomar o cuidado de não se exercitar vigorosamente em climas muito quentes e de prover a hidratação adequada. Com base em pesquisas na área de exercício e gravidez, o Sports Medicine Australia elaborou as seguintes recomendações: 
• em grávidas já ativas, manter os exercícios aeróbios em intensidade moderada durante a gravidez; 
• evitar treinos em freqüência cardíaca acima de 140 bpm. Exercitar-se três a quatro vezes por semana por 20 a 30 minutos. Em atletas é possível exercitar-se em intensidade mais alta com segurança; 
• os exercícios resistidos também devem ser moderados. 
• evitar exercícios na posição supina; • evitar exercícios em ambientes quentes e piscinas muito aquecidas; 
• desde que se consuma uma quantidade adequada de calorias, exercício e amamentação são compatíveis; 
• interromper imediatamente a prática esportiva se surgirem sintomas como dor abdominal, cólicas, sangramento vaginal, tontura, náusea ou vômito, palpitações e distúrbios visuais; 
• não existe nenhum tipo específico de exercício que deva ser recomendado durante a gravidez. A grávida que já se exercita deve manter a prática da mesma atividade física que executava antes da gravidez, desde que os cuidados acima sejam respeitados.

Fonte: Nutrição e Exercício


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